terça-feira, 17 de março de 2015

Diário de um jardim abandonado

Não há coisa melhor no mundo do que começar a cuidar de um jardim frágil e abandonado, em que as ervas vão quase até aos nossos joelhos e nada mais vimos que silvas, cardos, heras, urtigas e outras tantas espécies oportunistas que possam surgir nos nossos jardins ao fim de alguns anos sem cuidados.

Não conheço nenhuma sensação melhor do que aquela que se obtém após umas horas a arrancar ervas. Os músculos ficam doridos, as pontas dos dedos quase parece que vão cair, chega mesmo a um ponto em que quase desejávamos que caíssem mesmo tal é a dor e a impressão que sentimos após o trabalho terminado. Desconheço melhor satisfação que aquela que se pode obter ao fim de algum tempo, quando podemos ver novamente um jardim saudável e cheio de vida.

Arrancar ervas é algo que me está no sangue, gosto da sensação e do cansaço. Gosto acima de tudo, ver o terreno novamente limpo, sem qualquer erva no final do trabalho. O pior de arrancar são os caules dos fetos selvagens que estão tão profundamente enraizados, que dificilmente se consegue remove-los completamente da terra.

Um conselho que posso dar é fugir a sete pés dos ditos relvados, na verdade nada mais são que erva disfarçada, estas acabam por proliferar de tal forma que nunca mais conseguimos livrar-nos delas.

Um jardim tem que ser bem tratado e limpo antes de podermos sequer começar a pensar em planta-lo, uma vez que as raízes das ervas ficam no subsolo e assim que vier uma pequena chuvada lá vêm elas novamente à superfície.

Por vezes, o trabalho num terreno abandonado pode ser muito frustrante, principalmente quando se trata de um terreno bastante grande, pois estamos muito dedicados a limpar as ervas de um canteiro e quando nos apercebemos o canteiro que tínhamos limpo há poucos dias já se encontra novamente cheio delas.

Eu tenho um pequeno problema com terrenos abandonados, um pequenino problema com muitas patas e bastantes olhos. A coisa que mais me irrita, podendo mesmo fazer-me correr para as montanhas são aquelas pequenas criaturas chamadas aranhas, assim como outros membros dos aracnídeos. Estes seres são bastante temíveis, assim que começamos a mexer nas estruturas presentes no canteiro, elas surgem por todos os lados a correr e a saltar, o que me faz querer correr e saltar mas noutra direção, para bem longe delas. Acabei então por fazer um pequeno acordo com estas minhas amigas; “Eu não as mato, deixo-as fugir e elas não se metem comigo”. Se vir alguma no canteiro onde me encontro a trabalhar, afasto-me deixando-a partir com tempo e mais tarde volto lá para trabalhar. Não há pressas!

O meu lema é muito simples: vive e deixa viver….